08/10/2016

As polêmicas sobre circos, por Orlando Orfei




Quanto à polêmica no Brasil de se ter números com animais, Orlando Orfei é categórico: “São sonhadores, porque um circo sem animais não é circo. Salve o Cirque du Soleil, que, com a ajuda do governo canadense, gasta milhões para fazer um número que não é nada. É um show de fantasia que dura vinte minutos. Minha mulher foi ver o Soleil, uma coisa grandiosa em termos de figurino, mas adormeceu. Você foi ver o meu circo? Isso é que é circo: veloz, rápido. O restante para mim é um show da moda, que pode continuar ou desaparecer. O circo clássico, como o meu, é eterno, nunca morrerá.

E os animais de circo são também como nós, gerações e gerações que já nascem dentro de um circo. Eles não conheceram a selva e, portanto, ninguém sente falta de uma coisa que não conhece. Quando eu era menino, não tinha geladeira e não sofria; não tinha forno elétrico e não me interessava. Quero dizer com isso que você não sofre por uma coisa que não conhece.

Duvido que Júlio César sofresse porque não tinha carro. Os nossos animais não são presos na selva, onde os animais se massacram todo dia, um come o outro. Nossos animais comem a carne do açougue. Eles não são capturados na selva, onde estavam livres, e postos na prisão, que seria a jaula. Nossos animais são de gerações e gerações que nascem no circo. Sua jaula não é a prisão, é a toca onde comem, bebem, brincam, fazem amor, têm amigos. Eles não conhecem a falta de liberdade, pois nasceram na jaula. Não é verdade que sofram pela falta da liberdade, porque não se sofre por aquilo que não se conhece. Os nossos animais não conhecem a liberdade. Um pássaro que você pega e põe na gaiola, esse, sim, sofre”.

Já sobre a proliferação de circos, que surgiram e desapareceram nas últimas décadas anteriores a 1990, Orlando Orfei diz que é uma grande dano aos grandes e tradicionais circos do mundo. No Brasil, cita ele, surgiram os circos de Beto Carreiro, Beto Pinheiro, do ator Marcos Frota e outros, sem a tradição de um verdadeiro circo. E isso causou danos a circos como o Vostok, que acabou fechando e, recentemente, ao Grand Circo Garcia, que encerrou suas atividades no Brasil em 2003. Eu também, com meu circo, a bem da verdade, estou em crise. Mas pode morrer um circo, mas não o Circo. Este é imortal!


Reprodução / Gente da Nossa Terra

Matéria baseada em dados e notícias da Enciclopédia Abril-1967, Jornais Tribuna de
Santos, Correio Popular e Jornal da Barra e revista Problemas Brasileiros,
além de entrevistas com artistas do circo Paolo Orfei no Brasil.
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